PRECISAMOS REFORMAR A REFORMA?
- Isis Marcelino
- 22 de dez. de 2015
- 6 min de leitura

Em 31 de Outubro de 1517, Martinho Lutero, monge agostiniano e professor de teologia germânico, proferiu as 95 teses da Reforma Protestante, criando a partir daquele momento, um movimento que se voltava para as escrituras, que depois ficou conhecido como protestantismo. 5 “somente” foram tirados deste movimento:
Somente a Escritura;
Somente a Cristo;
Somente a graça;
Somente a fé;
Somente glória a Deus.
A maior parte das teses de Lutero falam sobre indulgência e penitência:
INDULGÊNCIA:
Segundo o dicionário é a disposição para perdoar culpas e erros. No Wikipedia, temos algo como: Na doutrina católica, indulgência é o perdão, fora dos sacramentos, pelos pecados. A remissão é concedida pela Igreja Católica no exercício do “poder das chaves”, por meio da aplicação dos superabundantes méritos de Cristo e dos santos, por algum motivo justo e razoável.
Resumindo, indulgência é como um imposto a ser pago para tirar a culpa de alguém.
PENITÊNCIA:
É a punição própria para um pecado cometido, buscando anular o erro ou pagar por ele com uma ação por parte do pecador.
A carta de Lutero falava contra os abusos da Igreja Católica Romana, que davam (dão) poder de Deus ao Papa, e pregavam penitências e indulgências, combatidas nas 95 teses de Lutero. Lutero e os demais pais do protestantismo foram felizes e iluminados por Deus em nos abrir os olhos para tal desvio doutrinário, porém, o DNA do catolicismo ainda permanece no protestantismo. Mudaram os nomes dos ritos, mas as práticas permanecem, principalmente na maioria das congregações denominacionais.
Os ensinos de Jesus e dos apóstolos nos levam a uma mudança de vida, de arrependimento, de negar-se a si mesmo, não estando sobre julgo de uma lei, mas vivendo pela graça de Deus, mas desde o catolicismo o homem vem trazendo e criando leis para oprimir o povo. Colocam os fiéis sobre um jugo que Cristo já os libertou, mandando para o céu e inferno os fiéis que fazem segundo o que o homem quer, e não segundo o que as sagradas escrituras ensinam.
John Wycliffe e John Huss foram os dois primeiros reformadores, de 1.320 a 1.415, tendo grande número de adeptos, e como não podia deixar de ser, foram perseguidos pela igreja Romana. Será que é diferente hoje?
Quando alguém se opõem as doutrinas da igreja que se opõem as Escrituras, essa pessoa é vista como alguém que pode ter uma visão para crescimento, ou alguém rebelde?
As indulgências e penitências combatidas por Lutero e os pais do protestantismo ganharam novas vestimentas e fazem parte dos cultos protestantes de nossos dias.
As indulgências que o catolicismo praticava, são conhecidas hoje como campanhas.
Os fiéis não pagam mais para se verem livres de culpas pelos pecados cometidos (não se fala mais nisso na igreja, hoje o crente está mais preocupado com a vida terrena), hoje essas campanhas garantem vitórias na terra, através de vários níveis de ofertas, colaborações, sementinhas, trizimos e outros tipos de contribuições financeiras para obter algo. Barganha pura! Nada disso está na Bíblia.
A Bíblia nos ensina e orienta na maneira de ofertar a Deus (em amor e gratidão, segundo propôs no seu coração), porém, as igrejas continuam a pregar uma obrigatoriedade e não ensinam ou esclarecem a forma correta e bíblica de ofertar ao Senhor. Não é errado ofertar com dinheiro, mas precisa estar à luz da Bíblia. A Bíblia é clara nos dando a certeza de que pela graça somos salvos, não por nós, mas por Cristo Jesus. Não há nada que façamos que nos leve para Deus.
As penitências foram travestidas como atos de fé, e em sua maioria fora dos ensinos bíblicos e rodeada de misticismo e barganha, como o jejum de coisas aprazíveis, que geralmente é feita por culpa de algum ato, como se fosse pagar uma promessa.
Os reformadores também foram contra o status de semideus dado ao Papa, como os Faraós do Egito, lembra? Hoje, temos o pastor, o apóstolo, o bispo, etc. São os “ungidos do Senhor”, tudo precisa passar por eles, e tudo o que eles dizem é lei, mesmo sendo contrário ao que a Bíblia diz. Não se pode julgar os líderes eclesiásticos, é blasfêmia, exatamente como com o Papa e os que se opuseram a igreja Romana.
Exatamente como a Igreja Romana, templos ostentosos são construídos com dinheiro dos fiéis, que como sempre, são tiradas dos pobres, e os fiéis continuam a passar necessidades, ter fome, sede, frio e as igrejas viram as costas para esses se importando basicamente com a instituição e suas programações. Se um fiel não entregar seu dízimo, rouba a Deus, mas se um líder ostenta riquezas em nome de Deus, esse está sendo honrado pelo Pai. Muito ouro, carros do ano, seguranças são usados pelos líderes, exatamente como faziam e fazem com o Papa. Conseguimos ver na vida de Jesus e dos Apóstolos algo parecido com isso?
Muitos protestantes hoje, tem se preocupado com suas teologias, com suas doutrinas, com seu crescimento (numeral e não espiritual), e pouco preocupado com o principal, ensinar e pregar o evangelho genuíno. A Igreja é a plenitude, poder, corpo e a glória de Deus. Temos visto isso no Cristianismo atual? Esse molde de igreja tradicional se assemelha a igreja primitiva? Isso foi pregado por Paulo em alguma de suas cartas para as igrejas? Porém, João escreveu muito disso para as 7 igrejas do Apocalipse.
Os católicos acusam os protestantes de seguirem a Bíblia a risca. Isso tem mudado, e hoje, alguns protestantes zombam daqueles que buscam seguir a Bíblia a risca.
R.A. Torrey disse: “O homem verdadeiramente sábio é aquele que sempre crê na Bíblia contra a opinião de qualquer homem”.
Um grande movimento intitulado “desigrejados” tem crescido, e a única certeza que se tem é que esse movimento só cresce devido a distância das igrejas de hoje ao puro e genuíno evangelho de Cristo. Cristãos recém convertidos se cansam da religiosidade vazia ou se decepcionam com a carnalidade dos irmãos. Cristãos verdadeiros contrários as indulgências e ritos estão sendo “excomungados” das igrejas, pois não concordam com a fumaça estranha levantada nos cultos modernos, acabam sendo considerados “rebeldes”, e não se vêem inseridos neste molde de igreja hoje.
A igreja precisa definitivamente entender que o crescimento de qualquer coisa, feita para Deus é dado por Deus. Ao homem só cabe cumprir o seu chamado e obedecer ao seu Senhor.
Caminhe nos ensinos de Jesus, mesmo que isso lhe traga dor, perseguições, falta de dinheiro e bens materiais, mas Deus dará o crescimento a qualquer coisa que for feita para glória do Seu nome. Mesmo que aos olhos humanos pareça um fracasso, se você obedeceu a Deus, tal projeto foi um sucesso!
Os 5 “solas” da reforma sumiram, as 95 teses de Lutero precisam ser fixadas novamente, só que hoje, na porta das milhares de denominações evangélicas, para que voltem ao evangelho, como é. Os líderes evangélicos de hoje precisam se voltar para a Bíblia, como ela é, sem exceções daquilo que lhes convém. SOLA ESCRIPTURA!
Precisamos de mais Paulos hoje, e menos Nicolaus. Os Nicolaitas, nas igrejas de hoje, pregam as bênçãos que querem, escolhem as maldições que funcionam, e mantêm o povo de Deus sob um jugo que não existe.
O escritor William A. Beckham faz uma ótima analogia a igreja de hoje com o vale de ossos secos: "Enquanto profetizava ouve um barulho, um som de chocalho e os ossos se juntaram, osso com osso. Olhei e os ossos foram cobertos de tendões e carnes, e depois de pele." Ezequiel 37:7-8.
Todas as partes foram juntadas e integradas em um todo. Mas isso ainda não era suficiente: “Não havia espírito neles... profetize ao Espírito. A forma sem o Espírito de Deus continua sendo nada, além de ossos secos conectados. Profetizei conforme a ordem recebida e o espírito entrou neles; Eles receberam vida e se puseram em pé. Eram exército enorme!" Ezequiel 37:10
Ossos secos, mortos, desconectados, foram transformados em um exército vivo e poderoso.
Hoje presumo que as abordagens antigas de “fazer igrejas”, usada por 17 séculos, não vão produzir nada além de um “som de chocalho” nesses ossos. Semelhantemente a Israel, a igreja sente a necessidade de um sistema espiritual para transformá-la em um organismo que Deus possa encher com seu Espírito.
Demorou 1.200 anos para o Catolicismo passar por uma reforma, e hoje, 500 anos após a Reforma Protestante, definitivamente precisamos reformar a Reforma.
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