MATERIAL & ESPIRITUAL
- Isis Marcelino
- 18 de nov. de 2016
- 7 min de leitura

Em nossos dias existem dois extremos sobre a vida material e a espiritual.
Um extremo diz que quanto mais espiritual uma pessoa seja, mais bens materiais ela conseguirá. Esse extremo nos leva a pensar que a quantidade dos bens de cada individuo é a métrica da vida espiritual.
O outro extremo diz que quanto mais espiritual uma pessoa seja, maiores dificuldades o individuo terá. Esse extremo conclui que as pessoas mais espirituais são as que passam por maiores dificuldades, as que menos têm.
A nação de Israel é prova de que onde o amor de Deus está, a prosperidade material chega, e as palavras de Deus em Deuteronômios 28, deixa bem claro esse contexto.
A vida de Abraão, Isaque, Israel, José, Davi e tantos outros personagens bíblicos encontrados no antigo testamento mostram que verdadeiramente Deus abençoava e muito a vida dos herdeiros da promessa, e as palavras de Deus em Deuteronômios 28 deixa isso bem claro, quando olhamos a vida da nação de Israel quando estavam próximos de Deus, e quando estavam distantes de Deus.
Também é verdade que a maior parte dos profetas não eram homens prósperos materialmente, mas existiram profetas influentes que seguramente tinham herdades, como Daniel e Neemias por exemplo.
O extremo oposto usa o novo testamento e até a vida de Jesus para afirmar e ilustrar que os mais espirituais são os que menos têm.
De fato olhar para o novo testamento e a vida dos apóstolos, não iremos ver riquezas materiais, até porque Jesus os ensinou a dividir e não ter apego ao dinheiro. Porém, tiveram homens de posses no novo testamento, como o caso de Cornélio, José de Arimatéia, Barnabé e as mulheres que sustentaram o ministério de Jesus Cristo.
É sempre um erro grave quando nós, homens, limitados, pecadores, cheios de si, nascidos no pecado, achamos que somos entendedores de Deus, e começamos a criar doutrinas com fundamentos bíblicos, mesmo que não seja algo que toda a Bíblia corrobore. Os extremos são sempre perigosos, e criar doutrinas em cima desses extremos é o que inicia as heresias, mesmo quando existem textos que apontem para uma vertente mais que para outra. Se elas não se complementam, não podemos afirmar que isso seja uma doutrina bíblica.
Toda a Bíblia nos mostra que a fidelidade a Deus é recompensada, e muitas das vezes de forma material, porque Deus sabe que precisamos de dinheiro (Mateus 6:32). Salomão é um grande exemplo a esse respeito, seu coração e temor o fez pedir sabedoria para cuidar do povo de Deus, e por isso Deus o fez o homem mais sábio e também mais rico (1 Reis 3:11-13).
Na outra ponta temos os Apóstolos, homens cheios do Espírito Santo, porém perseguidos, injuriados, sofredores, pobres, mas homens cheios de contentamento, amor a Deus e ao próximo, pois entenderam o seu lugar, o seu chamado e para que foram chamados.
Se a teoria de que homens pobres e sofredores são menos espirituais do que os mais ricos, vamos rasgar os relatos bíblicos sobre os grandes homens de Deus relatados na Palavra de Deus. Vamos dizer que Elias era um homem carnal, pois andava sem muitas mudas de roupas, foi alimentado por corvos, então Deus não tinha prazer nele, porém, Elias subiu em uma carruagem de fogo e não passou pela morte; O que dizer de Elizeu, homem que não tinha casa, dormia num quarto feito por um casal que via que o homem de Deus não tinha onde se deitar; E Isaias, andou pelado e descalço por 3 anos; E Paulo... estudou na melhor escola, foi orientado por um grande doutor Judeu, homem cheio de oportunidades e com um futuro promissor. Quando se converteu, passou a fazer rede para ter o sustento do seu ministério, foi perseguido, apedrejado, prezo. O próprio Cristo disse a Ananias “Este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.”
Do outro lado, se fosse verdade que quanto mais rico mais espiritual, teríamos menos ateus milionários e donos de grandes empresas que influenciam a nossa vida, e seriam os Cristãos encabeçando a Forbes. As Igrejas teriam maior influência política e governamental, teríamos menos injustiças, teríamos menos necessitados, teríamos o céu na terra.
Infelizmente vemos que isso não é verdade. Salomão, tão rico e acabou tão longe de Deus; Saul foi o rei segundo o olhar do povo, mas não foi um homem fiel e leal a Deus; Ananias e Safira teriam sido ótimos exemplos a serem seguidos;
As ovelhas de Macedo, R.R Soares, Agenor Duque, Valdomiro e as congregações dos artistas gospel não teriam dificuldades, pois Jesus Cristo nos ensinou que maior é o que serve (Mateus 23:11), que devemos cuidar dos necessitados, pois mais bem aventurado é dar do que receber (Atos 20:35) e se de fato o mais espiritual é o mais rico, o mais rico compartilharia de sua riqueza e bens com os necessitados, para que não houvesse necessidade entre o povo.
Será que algum dos dois extremos é 100% verdadeiro?
Nos ensinos bíblicos a palavra chave é CONTENTAMENTO. No sermão do monte Jesus nos diz que não devemos nos preocupar com as contas, com o supermercado, com a roupa dos filhos, pois Deus sabe do que precisamos e irá nos dar o que precisamos. O sermão mais famoso de Jesus não diz que Deus iria dar tudo o que queremos, mas que o Pai nos daria tudo o que precisamos.
Jesus nos diz que o Pai daria o Espírito Santo a todos, e o exemplo que temos dos homens cheios do Espírito Santo é a divisão, não o individualismo.
O inicio da Igreja foi marcada pela seguinte frase: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.” Atos 4:32
Você é a igreja, e cada congregação é formada de cada membro. Logo, a sua igreja local é parte de você. Você pode dizer que tudo o que você administra não é seu, mas de todos? Você partilha do que tem com os que menos tem? Quando Deus lhe abençoa com um carro, com um melhor salário, com mais posses, você cumpre a orientação bíblica e coloca o que você administra para uso do reino e do seu próximo?
Vivemos dias de individualidade, dias que os menos favorecidos são excluídos da comunhão fora do templo, pois não podem contribuir. Um irmão que não pode pagar uma pizza, não é convidado para comer pois ficará pesado para os demais pagar sua parte.
Vivemos dias que as pessoas caminham para a mesma direção, mas um de carro e outro a pé, indiferente.
Vivemos dias que buscamos enriquecer, ter mais dinheiro para poder dar o maior dízimo, e gozar a vontade do que sobra.
Vivemos dias de busca pessoal pelo material, mas pouco ou nada buscamos ter uma vida de santidade, de amor ao próximo, de praticar o que a Bíblia nos ensina.
As palavras de Jesus que devem estar marcadas em nosso coração quando pensamos em pedir a Deus dinheiro é: “Louco! esta noite pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” Lucas 12:20
Devemos crer que Deus dá riqueza material aos homens sim, mas isso não quer dizer que ele seja mais ou menos espiritual do que outro que passa por dificuldades. Cada um tem sua experiência pessoal com Deus, é pessoal e individual.
Da mesma forma, Deus também permite que venhamos a passar por momentos difíceis na vida, para nosso crescimento e amadurecimento, mas isso não quer dizer que esse seja mais ou menos espiritual.
Precisamos confiar que Deus controla a nossa vida e nada, nada mesmo, chega até nós sem antes passar pela permissão de Deus. Lembremos de Jó, homem reto e servo fiel de Deus, mas o Senhor permitiu satanás provasse a fidelidade de Jó. Ele o fez e Jó honrou o Senhor em meio a todas as dificuldades.
Os amigos de Jó procuravam alguma razão ou pecado nele para todas aquelas coisas, mas não havia, era a vontade permissiva de Deus.
Moisés cresceu e amadureceu mais no deserto do que dentro do palácio. Os apóstolos se alegravam das perseguições e dos açoites, pois não negavam o nome de Jesus e por isso passavam por mais perseguições, mas cada vez eram mais afirmados e seus testemunhos chegam até nossos dias. Que assim também sejamos nós, fiéis no pouco e no muito. Não negocie os princípios de Deus para obter riquezas, honre ao Senhor, mesmo que isso lhe custe sua vida, “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.“ Mateus 16:25
Paulo é um grande exemplo de contentamento. Teve fartura, e passou por necessidade, mas permaneceu em Cristo e ele pôde dizer com propriedade: "Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo". 1 Coríntios 11:1
“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco. Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade. Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Filipenses 4:6-13
Que tenhamos contentamento e fé, que mesmo que não seja agradável aos nossos olhos, estejamos firmados em Cristo, sabendo que Deus é o Senhor da nossa vida, e que sua vontade é boa, perfeita e agradável.
Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor!
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