O NATAL
- Isis Marcelino
- 15 de dez. de 2017
- 7 min de leitura
Atualizado: 4 de jan.
Todo final de ano é época de dúvidas e/ou debates sobre "o crente e o Natal" [pelo menos era]. Festa de origem pagã ou cristã? Devemos ou não devemos celebrar? Jesus nasceu ou não em 25 de dezembro? Posso ou não posso ter árvore de Natal? E o Papai Noel? E assim por diante... Como a vida do verdadeiro cristão gira em torno da Palavra de Deus, é ela que deve nos trazer a resposta. O problema surge exatamente aí, pois a Bíblia não diz de maneira clara e direta se devemos ou não celebrar a data natalícia do nosso Senhor Jesus, apesar de nos dar algumas pistas importantes, mas antes...
A origem do Natal
A humanidade comemora essa data desde bem antes do nascimento de Jesus, por isso é inegável que o Natal é uma festa religiosa de origem pagã, pois ele é historicamente celebrado em homenagem ao deus sol. Para os mesopotâmicos Shamash, para os fenícios Baal, para os persas Mitra, para os egípcios Rá, para os gregos Apolo...
Em Roma havia uma grande festividade chamada "Festival do Sol Invicto", conhecidas como Saturnália e Brumália. A Saturnália era em homenagem ao deus romano Saturno (divindade agrícola) e ia de 17 a 24 de dezembro. No dia 25 de dezembro, imediatamente após a Saturnália, comemorava-se a Brumália, o nascimento do deus-sol, ou "Natalis Invicti Solis" (Nascimento do Sol Invicto). Nessa data, no Hemisfério Norte, era o solstício de inverno. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. Essa data é portanto o ponto de virada das trevas para luz, representando o “renascimento” do deus sol.
Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos.


A celebração do Natal nesta época era semelhante ao que vemos hoje no carnaval, com direito a orgias, que os romanos faziam o tempo todo. Paralelamente a tudo isso surgia um pequeno grupo que não celebrava nenhuma dessas datas populares idólatras: os cristãos.
Somente quando o cristianismo virou a religião "oficial" do império, e muitas pessoas foram obrigadas a aderirem ao cristianismo, é que o Festival do Sol Invicto começou a mudar, surgindo então um "Jesus solar", e diversas outras tradições pagãs foram herdadas. Com o passar dos anos, muitos outros hábitos e costumes de outros povos foram adicionados à tradição natalina, como: O presunto da ceia, a decoração colorida das casas, a árvore de Natal, a ideia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas (vinda da lenda de um gnomo no Yule), etc. Tudo isso é herança pagã.
O combate ao Natal
O puritanismo, que nasceu na Inglaterra no século XVII a partir de uma comunidade protestante, depois da Reforma que pretendia purificar a Igreja, retirando-lhe os resíduos do catolicismo romano, de modo a tornar sua liturgia mais próxima do calvinismo, não encontrou nenhuma justificativa bíblica para a celebração do Natal, além de associá-lo a celebrações pagãs e idólatras. Em 1645, o Parlamento, de maioria puritana, proibiu a celebração do Natal, com as justificativas de que, além de não estar mencionada na Bíblia, a festa ainda dava início a 12 dias de gula, preguiça e diversos outros pecados. A visão puritana prevaleceu na Nova Inglaterra por quase dois séculos, mas em 1870 o Natal acabou se tornando um feriado nacional.
O Natal foi combatido também pela maioria dos anabatistas, quakers, congregacionais, presbiterianos e puritanos remanescentes que consideravam o dia uma abominação, enquanto anglicanos, luteranos, holandeses reformados e outras denominações abraçaram o feriado. Hoje a maioria sucumbiu à tradição popular.
Segundo dados do Wikipedia, Os primeiros indícios da comemoração de uma festa cristã litúrgica do nascimento de Jesus em 25 de dezembro é a partir do Cronógrafo de 354. Essa comemoração começou em Roma, enquanto no cristianismo oriental o nascimento de Jesus já era celebrado em conexão com a Epifania, em 6 de janeiro. A comemoração em 25 de dezembro foi importada para o oriente mais tarde: em Antioquia por João Crisóstomo, no final do século IV, provavelmente, em 388, e em Alexandria somente no século seguinte. Mesmo no ocidente, a celebração da natividade de Jesus em 6 de janeiro parece ter continuado até depois de 380.
No ano 350, o Papa Júlio I levou a efeito uma investigação pormenorizada e proclamou o dia 25 de Dezembro como data oficial e o Imperador Justiniano, em 529, declarou-o feriado nacional.
O que diz a Bíblia
A Bíblia não revela a data do nascimento de Jesus Cristo, e por isso não há nenhuma ordenança nas Escrituras para essa celebração. Será que Deus se esqueceu? Certamente que não. A igreja primitiva também não celebrava o Natal, na verdade a Bíblia só relata duas celebrações natalícias e em ambos os casos de pagãos (Faraó - Gênesis 40:20-22 e Herodes -Mateus 14:6-10). A Igreja de Cristo comemorava apenas a morte de Cristo através da Santa Ceia, porque assim Ele nos ordenou (1 Coríntios 11:24-26), pois sua morte significa a vitória sobre o pecado, e a sua ressurreição, através do batismo, que simboliza a vitória de Cristo sobre a morte.
Além disso, a Bíblia condena claramente o sincretismo religioso:
Quando o Senhor teu Deus desarraigar de diante de ti as nações, aonde vais a possuí-las, e as possuíres e habitares na sua terra, guarda-te, que não te enlaces seguindo-as, depois que forem destruídas diante de ti; e que não perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu. Assim não farás ao Senhor teu Deus; porque tudo o que é abominável ao Senhor, e que ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas queimaram no fogo aos seus deuses. Tudo o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás. Deuteronômio 12:29-32
Os símbolos do Natal
Papai Noel: São Nicolau foi bispo de Mira, Turquia, durante o século IV, que se tornou santo pela igreja romana. Sua festa, em 6 de dezembro, passou a ser comemorada em muitos países com a troca de presentes. Entre outros atributos dados ao santo, ele foi associado ao cuidado das crianças, à generosidade e à doação de presentes. Era originalmente retratado com trajes de bispo, mas passou a ser retratado como um homem rechonchudo, alegre, de barba branca, roupas vermelhas, cinto e botas de couro preto somente no século XX pela influência da campanha publicitária da Coca-Cola e tem sido reforçada desde então.
Árvore de Natal: A Bíblia nos revela que as antigas religiões pagãs usavam as árvores e suas madeiras como objetos de culto, e Deus não deseja ser cultuado da mesma forma (Deuteronômio 16:21; Oséias 4:13).
Guirlanda: A coroa verde adornada que enfeita as portas de tantos lares também é de origem pagã. Era feita em honra aos deuses como um sinal de legalidade e de autorização para movimentação espiritual naquele lar. Em algumas culturas, a guirlanda também possui um significado sexual, indicando que as casas marcadas com guirlandas estavam abertas a “orgias sexuais religiosas”.
Velas: O fogo sempre foi um elemento presente nos cultos pagãos e as velas trazem esse elemento. Além disso, as velas eram muito usadas em cerimônias religiosas noturnas, para iluminação física e espiritual, acreditava-se que as velas possuíam um poder mágico, de expulsar maus espíritos, revelar segredos do subconsciente e etc.
Os cristãos realmente celebram a vida de Cristo nesta data?

O que mais se ouve quando entramos em dezembro é o termo “espírito do Natal”, mas que espírito é esse? O Natal é marcado por pessoas gastando o que tem, e o que não tem, para festejar, presentear e esbanjar: vestir a melhor roupa, fazer a melhor decoração, preparar o maior e melhor banquete, comer o máximo que aguentar, beber muito (a maioria até cair), presentear para ganhar algo em troca, é claro, publicar tudo nas redes sociais... E onde está Cristo? Esquecido.
A celebração do Natal foi proibida em várias ocasiões dentro do protestantismo, devido a preocupações com a liberalidade ao paganismo e ao fato de não haver a menor base bíblica para a realização dessa celebração. O fato é que a celebração do Natal hoje, não somente está liberada no meio protestante, como é incentivada pelas maioria dos "líderes", que sempre alegam que "todo dia é dia de celebrar a Cristo" ou "o importante é o nome de Cristo ser lembrado".
Se a igreja realmente desejasse celebrar o nascimento de Cristo de forma bíblica, celebraria uma santa ceia entre os irmãos e familiares, cultuando, ou evangelizando, ou se santificando e não seguindo exatamente os mesmos preceitos que o mundo. Se nós recebemos o Natal "cristão" da igreja romana, e esta recebeu o Natal do paganismo, de quem receberam os pagãos?
É muito comum após este tipo de explanação ouvirmos a seguinte argumentação: "O que vale é a intenção do seu coração..." Não se engane! O que vale mesmo é a sua obediência. Uzá é um belo exemplo, sua intenção era sem dúvida a melhor, mas ele desobedeceu e pagou o alto preço (2 Samuel 6:1-7). Não relativize as coisas de Deus para obter permissividade para aquilo que você deseja, isso é muito perigoso. Tema ao Senhor em primeiro lugar e observe a Sua Palavra acima de tudo! Se desejar celebrar, celebre honrando ao Senhor e não imitando o mundo.
A principal característica de Jesus foi fazer a vontade do Pai, e nós devemos fazer o mesmo, talvez esta seja a melhor forma de celebrar a Cristo. Por fim, você é livre para decidir se celebra ou não a data, mas busque celebrar todos os dias para a glória de Deus de forma a agradá-lo.
Fontes:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/folclore/0015_01.html
http://super.abril.com.br/historia/a-verdadeira-historia-do-natal/
http://solascriptura-tt.org/Diversos/NatalVeioDoPaganismo-Helio.htm
https://noticias.gospelprime.com.br/cristao-comemorar-natal/
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